Doze mil carros de uma montadora chinesa vão ter de
voltar para as concessionárias. O recall é para substituir peças que contêm
amianto, uma substância perigosa, que pode até causar câncer. Alguns estados já
baniram o material, e se discute se ele deve ser proibido em todo o país.
Mais de 12 mil carros terão de passar pelo recall. A
montadora chinesa Chery diz que algumas peças do motor e do escapamento contém
amianto - um mineral que pode provocar câncer.
“Para a população em geral eu acho que o risco é pequeno,
desprezível. O risco maior é para quem fará a manutenção nesses veículos. Esses
indivíduos podem inalar a fibra e algumas doenças como câncer da pleura ou do
peritônio, que são membranas que envolvem o pulmão e o coração, não dependem
muito de grande concentração inalada para ter a doença”, explica Ubiratan de
Paula Santos, pneumologista do Instituto do Coração.
O contato com o amianto também pode causar câncer de
pulmão e fibrose pulmonar - doença que dificulta e pode impedir a respiração.
No Brasil, os carros novos não têm mais amianto nos componentes.
Mas tem muita coisa que ainda é fabricada usando o
mineral, como caixas d'água e telhas. “O risco do morador é pouco. O problema é
na construção e na manutenção, para as pessoas que fazem ou, quando houver
processo de manutenção, as pessoas ficarem dentro da sua residência”, explica o
pneumologista.
Entre os anos de 2000 e 2011 foram registradas no
Brasil 2,4 mil mortes por causa de doenças provocadas pelo amianto, de acordo
com o Ministério da Saúde. E é alto o número de internações por problemas
relacionados ao mineral: nos últimos quatro anos foram 25,093 mil.
No Brasil, cinco estados já proibiram uso do amianto:
São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso. Alguns
municípios também. Mas uma lei federal ainda permite a utilização desse
material na indústria.
“Essa lei está sendo contestada no Supremo Tribunal
Federal e aguardamos para até meados de novembro uma decisão sobre a
inconstitucionalidade, a ilegalidade dessa lei”, afirma Fernanda Giannasi,
gerente do programa estadual do amianto do Ministério do Trabalho de São Paulo.
O Procon de São Paulo pediu explicações sobre o recall
à montadora Chery. Ela tinha até segunda-feira (1º) para apresentá-las, mas, de
acordo com o próprio Procon, não o fez.
Procurada por nossa produção, a assessoria de imprensa
da Chery Brasil informou que a empresa não comentaria o recall ou a solicitação
do Procon.
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